Baixada Fluminense – RJ
Uma jovem de 26 anos, identificada como Thalita, passou por momentos críticos após dar à luz no último dia 6 de junho de 2025, uma sexta-feira, no Hospital da Mãe, em Mesquita, na Baixada Fluminense. O parto, segundo familiares, foi normal, mas logo após o nascimento do bebê, Thalita começou a apresentar sintomas preocupantes que não foram devidamente investigados pela equipe médica da unidade. De acordo com a denúncia feita pela família, Thalita apresentou febre alta já no dia 7 de junho (sábado). No dia seguinte, seu quadro piorou: desmaios, olhos e pele amarelados, sintomas que indicavam possível infecção grave. Ainda assim, segundo o relato, os profissionais do hospital insistiam que se tratava apenas de infecção urinária, tratando a jovem com anti-inflamatórios e analgésicos, sem solicitar exames laboratoriais ou de imagem adequados.

A situação seguiu se agravando, enquanto a família lutava para que a paciente fosse devidamente avaliada. Só no dia 11 de junho (quarta-feira), após forte insistência e com a intervenção da deputada federal Laura Carneiro, Thalita foi transferida para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, Zona Norte do Rio. Foi lá que os médicos finalmente descobriram a gravidade do caso: uma infecção uterina severa, com acúmulo de pus, provavelmente contraída durante o parto. A infecção já havia evoluído para sepse (infecção generalizada), comprometendo gravemente os órgãos internos, especialmente os rins, que deixaram de funcionar.
Diante do risco iminente de morte, os médicos do Carlos Chagas realizaram uma cirurgia de emergência para retirar o útero da paciente. Thalita chegou a ficar em coma por três dias e enfrentou complicações com o uso de antibióticos, que causaram reações cutâneas e bolhas pelo corpo. A troca do medicamento trouxe alguma melhora, mas a jovem segue em estado delicado. Além disso, a família denuncia que o Hospital Carlos Chagas não permite acompanhantes, mesmo diante do quadro de dor e debilidade da paciente, o que tem dificultado o suporte necessário. “Ela passou a madrugada cheia de dor, e não havia ninguém do hospital por perto para ajudá-la. Isso é desumano”, relatou um familiar.

A revolta da família se intensifica ao lembrar que três outros membros da mesma família já morreram no Hospital da Mãe, levantando suspeitas sobre um histórico de negligência e omissão nessa unidade.
Pedido de Justiça
Os familiares agora cobram investigação rigorosa dos fatos. “É inadmissível que uma mulher entre saudável para dar à luz e saia sem útero, com falência renal e risco de morte, por falta de exame, por negligência”, declarou um parente. A família pretende acionar o Ministério Público, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, o CREMERJ (Conselho Regional de Medicina) e as instâncias de controle da saúde pública.
Direitos Violados
O caso pode configurar erro médico, negligência, omissão de socorro e violação do direito ao acompanhante, garantido pela Lei Federal 11.108/2005. Especialistas indicam que os órgãos competentes devem apurar as responsabilidades civis, éticas e criminais.
O Que Diz a Secretaria de Saúde
Até o fechamento desta reportagem, não houve resposta oficial da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro ou da direção do Hospital da Mãe. O espaço segue aberto para manifestações.